O sucesso pode ser uma armadilha, tanto para indivíduos quanto para propriedades intelectuais. Quando algo se torna extremamente popular, a sedução dos lucros fáceis muitas vezes supera a virtude da moderação.
No universo dos super-heróis, dois personagens ilustram bem essa armadilha: Batman, da DC, e Homem-Aranha, da Marvel. Eles ocupam um lugar único no imaginário popular, resultando em uma profusão de produtos relacionados a eles.
São inúmeras revistas em quadrinhos estampadas com seus rostos a cada mês, além de uma infinidade de produtos. Ao longo das décadas, esse frenesi de consumo se estendeu também ao mundo do entretenimento, com filmes, séries e mais.
Batman já foi retratado de todas as formas imagináveis, desde os filmes estrelados por Michael Keaton até os brinquedos da Lego. Atualmente, múltiplos filmes estão em produção, sem pausa.
Na Marvel, o Homem-Aranha domina as telonas desde o início do século, com oito filmes protagonizados pelo herói em três encarnações diferentes, sem contar sua participação no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) com Tom Holland.
Além disso, há o complicador de duas empresas diferentes explorarem comercialmente o personagem. As aparições de Peter Parker no MCU ocorrem graças a um acordo com a Sony, detentora dos direitos cinematográficos do herói desde os anos 1990.
Como resultado, surgem inúmeros filmes derivados do universo do Homem-Aranha, com personagens secundários tentando capitalizar o sucesso do herói. A Sony, por exemplo, está investindo em franquias independentes para figuras como Kraven, Morbius e Madame Teia, buscando replicar o sucesso de Venom.
A mais recente empreitada é a contratação de Nicolas Cage para interpretar uma versão alternativa do Homem-Aranha, o Homem-Aranha Noir, em uma série da Prime Video. Apesar de minha opinião pessoal sobre o gibi, é inegável o entusiasmo e versatilidade de Cage, que já dublou o personagem em animações.
No entanto, essa saturação de personagens "seguros" como o Homem-Aranha pode levar à exaustão do público. Além disso, há uma infinidade de conceitos e propostas nos quadrinhos que poderiam trazer frescor ao cenário, em contraste com a previsibilidade do universo Noir da Marvel.
Sem querer ser pessimista, mas essa obsessão por personagens estabelecidos pode sinalizar o início do declínio dos super-heróis em Hollywood, caso não haja uma renovação criativa e ousadia para explorar novas narrativas.
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