Nadal perde para Zverev e diz adeus a Roland Garros 2024.

 


Poucas vezes um jogo de primeira rodada foi carregado de tanta emoção. Em quadra, o maior vencedor da história de Roland Garros, o espanhol Rafael Nadal, voltava ao torneio que conquistou 14 vezes depois de ficar de fora em 2023, por causa de lesões que o fizeram perder a temporada passada quase toda. Prestes a completar 38 anos e ocupando a posição 275 do ranking mundial, o ex-número 1 do mundo foi derrotado na manhã desta segunda-feira (27) pelo atual número 4, o alemão Alexander Zverev, por 3 sets a 0, parciais de 6/3, 7/6 e 6/3, no que pode ter sido a sua despedida de Roland Garros. Mas ele não garantiu que não volta.


- É difícil para mim falar, não sei se é a ultima vez que estarei aqui em frente a vocês. Não sei com certeza, mas se foi a última vez, pra mim foi muito especial sentir o amor de todas as pessoas - disse o tenista ao fim do jogo, enquanto era ovacionado.


O tenista comentou que passou por dois anos muito duros em relação a lesões e brincou que "o primeiro adversário não foi dos melhores", elogiando a grande fase de Zverev.


- Quero parabenizar Sasha (como Zverev é chamado) por essa grande vitória. Desejo todo o melhor pelo resto do torneio. Sei como 2022 foi um momento muito difícil pra você - lembrando da partida entre os dois nas semifinais daquele ano, quando o alemão teve uma grave lesão no pé e precisou abandonar a partida.


Em 2022, Nadal conquistou seu 14º título em Roland Garros. Esta manhã, apesar da derrota, confirmou que ainda tem metas a alcançar.


- Há uma grande chance de não jogar aqui de novo, mas não posso garantir cem por cento. Eu ainda tenho objetivos pela frente, eu espero estar de volta nessa quadra para as Olimpíadas - disse ele, diante de um público que chorava e aplaudia.


Nadal agradeceu à família e à sua equipe e falou sobre tudo o que viveu em Paris.


- As sensações incríveis que senti nessa quadra por toda a minha carreira, todo o sucesso que tive aqui, ganhando tantas vezes (...). Para todas as pessoas aqui pesentes, os sentimentos que você me proporcionaram aqui são inesquecíveis. Espero vê-los de novo - disse, antes de agradecer em francês: - Merci beaucoup.


Antes dele, a organização do torneio entrevistou Zverev, que parecia também contagiado pela emoção da partida e foi breve.


- Obrigado, Rafa, em nome de todo o mundo do tênis. É uma grande honra. Eu vi o Rafa jogar por toda a minha infância e tive sorte o suficiente para jogar com ele quando me profissionalizei. Eu não sei o que dizer, esse não é o meu momento. É o momento do Rafa.



O JOGO



As arquibancadas lotaram em sua reverência, com direito a presenças ilustres da realeza do tênis: os dois tenistas número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic e a polonesa Iga Swiatek, e o número 3, o jovem espanhol Carlos Alcaraz, foram testemunhar o que pode ter sido o último jogo de um dos maiores de todos os tempos.


O resultado da partida não diminuiu em nada a comoção na quadra central. Cada jogada que Nadal acertava era celebrada como se fosse um gol. Quando conseguiu quebrar o saque de Zverev, no meio do segundo set e logo no início do terceiro, a comemoração foi digna de final de campeonato. O Rei do Saibro mostrava que seu condicionamento físico não era mais o mesmo, mas que ainda era capaz de lances de genialidade.


O jogo começou difícil para o espanhol, que zerou o primeiro game e teve seu saque quebrado. Nadal viu Zverev devolver cada uma das bolas com rapidez e precisão, quebrando seu serviço sem deixar que ele acertasse uma vez sequer. Em seguida, o alemão confirmou o seu saque e foi só controlando o jogo. Quebrou o serviço de Nadal mais uma vez e fechou o set, com tranquilidade, em 6 a 3.


A torcida, mais barulhenta do que o normal no tênis, seguiu incentivando e vibrando com o espanhol. Ele voltou para o segundo set com o jogo mais encaixado e com mais potência nos golpes. No quinto game, Nadal acertou um ace e algumas devoluções perfeitas, quebrou o serviço de Zverev e ultrapassou o alemão no placar pela primeira vez na partida. A arquibancada quase foi abaixo e o Touro Miúra, como Nadal é conhecido, gritou junto com a torcida.




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