Remasterização aperfeiçoa o conceito de papel do original, mas sem português brasileiro.
Seja pelos trocadilhos de tio do pavê ou curioso aspecto de papel em todo canto, Paper Mario é uma das franquias que me introduziu ao mundo dos RPGs na infância. Conheci a saga no Nintendo 64, mas foi The Thousand-Year Door que fez eu me apaixonar pelo gênero.
Após 20 anos (pois é), o clássico de GameCube está de volta, dando continuidade à tendência da Nintendo em revigorar jogos das eras antigas de Super Mario.
Assim, o mistério sobre o tesouro da porta de cem anos chega ao Nintendo Switch em uma edição que surpreende pelo cuidado. Com capricho em detalhes, a nova versão dá um bom tapa na qualidade gráfica, além de aprofundar o conceito de “mundo de papel” do original.
Mario de papel couchê
É difícil não sentir, logo nos primeiros minutos, que o tratamento dado aos gráficos do novo The Thousand-Year Door se assemelha mais a um remake em vez de remasterização.
Os balões de diálogos estão mais nítidos e bem posicionados, a disposição das informações na tela está mais clara e as cores parecem ainda mais vivas. Mas é uma evolução quase completa dos cenários que rouba a atenção.
Cada área teve uma pancada de melhorias, com a adição de mais objetos, texturas e detalhes gerais. Algo que impressiona é o jogo de iluminação (inexistente no original), que brinca com feixes de luz, sombras e até reflexos, enriquecendo e modernizando a ambientação. Antes, o que eram paredes e chãos chapados, por exemplo, se tornam texturizados e cheios de vida na nova versão.
Tais adições intensificam a tridimensionalidade de elementos dos ambientes e potencializa os aspectos de papel da estética característica de Paper Mario. Isso dá uma sobrevida gritante ao clássico de 2004, que já era cativante na época — e, agora, apresenta uma repaginada que é autêntica à essência da franquia.
A modernização de The Thousand-Year Door também aparece na interface, com leves mudanças que organizam os indicativos visuais da tela, principalmente durante o combate. Isso leva a uma visão esteticamente mais limpa e agradável ao jogador, em que as barras de vida, magia e afins ficam somente no topo da tela.
Os comandos, naturalmente, foram atualizados da mesma maneira, com mecânicas visuais voltadas para os Joy-Con (e Pro Controller) nas habilidades de Mario e dos companheiros — Goombella, Koops, Yoshi Kid e por aí vai. Sem opção de remapeamento ou acessibilidade, a jogabilidade se adapta bem aos controles do Switch. Tanto a exploração quanto o combate em turno não causam estranheza, sendo confortáveis no portátil e no deck.
O lado da remasterização
Conteúdo é o elemento que faz a nova versão de The Thousand-Year Door se provar, de fato, como uma remasterização. Toda a história do original é fielmente mantida, sem mudanças ou adições bruscas.
Há algumas novidades, no entanto, como uma galeria com artes conceituais (inéditas aos fãs, até então) e um novo NPC — um Toad rosa (e fofíssimo) — que atua como uma hub de tutoriais e informações das mecânicas principais para refrescar a memória a qualquer momento. Outras adições mais significativas são um sistema de viagem rápida por canos pela cidade principal e um botão de troca rápida de companheiros, os quais são extremamente úteis e favorecem (e muito) a fluidez do gameplay.
Mas, de forma geral, a aventura de Mario para coletar todas as Crystal Stars da misteriosa porta de cem anos é narrada da mesma maneira, a fim de preservar o clássico que marcou o GameCube.
Voltar ao mundo de um Paper Mario é sempre uma experiência nostálgica e divertidíssima em qualquer circunstância, ainda mais em uma edição quase definitiva do jogo, que é a maneira ideal de matar as saudades ou que pode até funcionar como uma porta de entrada para novos fãs. Só ficou faltando aquela tradução em português brasileiro, que acaba sendo o único erro da remasterização que não dá para desculpar — principalmente ao considerar que já se trata de um RPG de 20 anos.
Paper Mario: The Thousand-Year Door será lançado para Nintendo Switch no dia 23 de maio.
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